25/11/13

Vai-te

Escrever sobre ti? Não teria muito para contar…Não tens interesse em nada.
Estás exausto de tudo. Sem saber o que fazer à tua vida ou ao que resta dela.
Tu não encontras sentido nenhum na existência. É uma sensação de invisibilidade e de inutilidade tão grande que chega a ser absurda. Olhas-te no espelho e perguntas à imagem que está reflectida quem é e o que quer? Mas não obtens resposta…Apenas mais vazio, mais obscuridade e o silencio.
Sais de casa como todos os dias, sorris e colocas a máscara de cera.
Quando voltares, tudo estará como antes.
Nada a fazer. Cumpres o teu dever, dia sim, dia sim. 
Não tens sonhos,
Não amas e não te amas.
Apenas vês os outros viverem. Como é insaborona a tua existência.
Vai-te. Não fazes falta.

«Sim, era realmente o sentimento do exílio esse vazio que trazíamos constantemente em nós, essa emoção precisa, o desejo irracional de voltar atrás ou pelo contrário, de acelerar a marcha do tempo, essas flechas ardentes da memória»

«Experimentava assim o sofrimento profundo de todos os prisioneiros e de todos os exilados, ou seja, viver com uma memória que não serve pra nada»

 Albert Camus - A Peste
MB

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