11/03/14

Aos “pequenos autocratas do FaceBook”





`Cerca das 6:00 horas da manhã de 28 de Fevereiro de 2014 escrevi um pequeno texto que transcrevo:



“Noites intranquilas …



Pensava eu quando me fui deitar, cansado e com sono, que ia ter uma noite repousante. Tal não aconteceu, fui atraiçoado pelo inconsciente que repescou acontecimentos perturbantes ao longo da vida bem significativos dos sentimentos de paixão, medos, solidariedade, revolta, da pena de Talião, de trilhos percorridos em que a atenção se centrava nas sombras …



A cada episódio acordava com o coração agitado, tomava um gole da água da garrafa à cabeceira e teimosamente voltava a adormecer, acordando com novo episódio.



Ainda não percebi o porquê! Talvez um dia tropece na resposta …



Bom dia gente!”



Pois… Acho que tropecei com a resposta logo que liguei o meu servidor e ao tentar aceder à minha conta do FaceBook  e deparei-me com a informação de a minha conta tinha sido desactivada sem qualquer explicação ou informação, nem sequer via email com a antecedência de sete dias conforme a plataforma de acordo.



Claro que o conselho de meu pai prevaleceu:  “Não te cales. Protesta sempre. Não te vingues no culpado nem em quem te julga.”



Protestei. Pediram-me cópia de um documento a cores de identificação oficial para além de outras informações que satisfiz. Na dúvida, pedi a amigos que tentassem aceder ao meu perfil, por outro pesquisei na internet sobre o assunto. Do FaceBook vinha o recado de que provavelmente iria receber um e-mail a inquirir qualquer coisa, o que não aconteceu.



Dos amigos e amigos de amigos recebi informações de situações análogas inclusivamente de Câmaras Municipais que ficaram de repente com o seu perfil desactivado. 



Aos  “pequenos autocratas do FB”  tenho mais uma coisa a dizer: O que afirmo da minha palavra tenho testemunhos, uns ainda vivos, outros documentais, e quem quiser é livre de me processar perante a Justiça e não perante o FB. Por outro lado as imagens que utilizo não têm indicação de direito de autor (pelo menos que me tenha apercebido) e estão disponíveis na Net. Portanto, não admito que sejam os vossos critérios autocráticos a determinarem o meu caminho.



Querem-me erradicar do FB? À vontade, há sempre outras alternativas onde aliás estou inscrito e muito pouco tenho utilizado. Como tenho cópias de tudo o que publiquei no FB façam-me o favor de, quando desactivarem novamente a minha conta, pelo menos, eliminar de vez todo o historial registado na minha conta.



De:

O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa



“…De repente, como se um destino médico me houvesse operado de uma cegueira antiga com grandes resultados súbitos, ergo a cabeça, da minha vida anônima, para o conhecimento claro de como existo. E vejo que tudo quanto tenho feito, tudo quanto tenho pensado, tudo quanto tenho sido, é uma espécie de engano e de loucura. Maravilho-me do que consegui não ver. Estranho quanto fui e que vejo que afinal não sou.



Olho, como numa extensão ao sol que rompe nuvens, a minha vida passada; e noto, com um pasmo metafísico, como todos os meus gestos mais certos, as minhas ideias mais claras, e os meus propósitos mais lógicos, não foram, afinal, mais que bebedeira nata, loucura natural, grande desconhecimento. Nem sequer representei. Representaram-me. Fui, não o ator, mas os gestos dele.



Tudo quanto tenho feito, pensado, sido, é uma soma de subordinações, ou a um ente falso que julgue meu, por que agi dele para fora, ou de um peso de circunstâncias que supus ser o ar que respirava. Sou, neste momento de ver, um solitário súbito, que se reconhece desterrado onde se encontrou sempre cidadão.

No mais íntimo do que pensei não fui eu.



Vem-me, então, um terror sarcástico da vida, um desalento que passa os limites da minha individualidade consciente. Sei que fui erro e descaminho, que nunca vivi, que existi somente porque enchi tempo com consciência e pensamento. E a minha sensação de mim é a de quem acorda depois de um sono cheio de sonhos reais, ou a de quem é liberto, por um terremoto, da luz pouca do cárcere a que se habituara.



Pesa-me, realmente me pesa, como uma condenação a conhecer, esta noção repentina da minha”



***



“…Em mim o que há de primordial é o hábito e o jeito de sonhar. As circunstâncias da minha vida, desde criança sozinho e calmo, outras forças talvez, amoldando-me, de longe, por hereditariedades obscuras a seu sinistro corte, fizeram do meu espírito uma constante corrente de devaneios. Tudo o que eu sou está nisto, e mesmo aquilo que em mim mais parece longe de destacar o sonhador, pertence sem escrúpulo à alma de quem só sonha, elevada ela ao seu maior grau.



Quero, para meu próprio gosto de analisar-me, ir, à medida que a isso me ajeite, ir pondo em palavras os processos mentais que em mim são um só, esse, o de uma vida devotada ao sonho, de uma alma educada só em sonhar.



Vendo-me de fora, como quase sempre me vejo, eu sou um inapto à ação, perturbado ante ter que dar passos e fazer gestos, inábil para falar com os outros, sem lucidez interior para me entreter com o que me cause esforço ao espírito, nem seqüência física para me aplicar a qualquer mero mecanismo de entretenimento trabalhando.



Isso é natural que eu seja. O sonhador entende-se que seja assim. Toda a realidade me perturba. A fala dos outros lança-me numa angústia enorme.



A realidade das outras almas surpreende-me constantemente. A vasta rede de inconsciências que é toda a acção que eu vejo parece-me uma ilusão absurda, sem coerência plausível, nada.



Mas se se julgar que desconheço os trâmites da psicologia alheia, que erro a percepção nítida dos motivos e dos íntimos pensamentos dos outros, haverá engano sobre o que sou.”



***

“…Por isso a idéia que faço de mim é uma idéia que a muitos parecerá errada. De certo modo é errada. Mas eu sonho-me a mim próprio e de mim escolho o que é sonhável, compondo-me e recompondo-me de todas as maneiras até estar bem perante o que exijo do que sou e não sou. Às vezes o melhor modo de ver um objeto é anulá-lo; mas ele subsiste, não sei explicar como, feito de matéria de negação e anulamento; assim faço a grandes espaços reais do meu ser, que, suprimidos no meu quadro de mim, me transfiguram para a minha realidade.”



 “As asas e o compasso!

por Edgar Monteiro a Segunda-feira, 18 de Abril de 2011 às 22:16

Lembro os relógios de parede...

Marcando o compasso do tempo.

Tempo em que nos era imposta uma decisão que não era nossa!

Tempo de menino e moço que tentava perceber o seu lugar!



Ainda "teennager" alcei o voo para o desconhecido...

Sem olhar para trás, indo para longe do que conhecia!

As asas da juventude irrequieta e descontente...

Levaram-me a novos horizontes, desconhecidos!



Sofri... aprendi...

As agruras da vida...

A saber esperar...

A saber aproveitar o momento!



Com o movimento do compasso

Pautando o movimento das asas,

Aprendi a planar ...

A aproveitar as correntes quentes!



Quentes de amor e carinho!

De entrega sem condições!

Recebendo sempre mais do que dava!

Surpreendido por esse inesperado!”





MUITO OBRIGADO pela atenção que quiseram e puderam dispensar-me, não deixando de recordar este “Carnaval Político” que nos alerta para um futuro sombrio de esperanças núbias, em que os sonhos se desvanecem, o povo empobrece e alegremente é conduzido para a morgue pelos “pequenos autocratas”.

Pouco importa o que façam ou pretendam fazer, uma coisa é certa: não abdico da minha independência e verticalidade de opinião independentemente de acarretar a ironia, o sarcasmo ou o humor. Mas não transporta o egoísmo, a vingança e a ofensa, pois a maturidade e encontro que de há algumas décadas a esta parte se fazem sentir permitem-me estar na plenitude do bem fazer e bem estar, sem que isso implique aceitar as imposições “dos outros”.

Sobressai o conselho universal: “Não te cales. Protesta sempre. Não te vingues no culpado nem em quem te julga.”



MUITO OBRIGADO pela atenção que quiseram e puderam dispensar-me, não deixando de recordar este “Carnaval Político” que nos alerta para um futuro sombrio de esperanças núbias, em que os sonhos se desvanecem, o povo empobrece e alegremente é conduzido para a morgue pelos “pequenos autocratas”.



Mas meu limite é o universo e como este está em expansão … eu acompanho-o. Para quem me quiser deter a minha saudação bem portuguesa.




1 comentário:

Respirem fundo e desabafem,:)