05/03/14

Crónicas da juventude

Toma que o filho é teu

Já estava casado, a cumprir ainda o serviço militar obrigatório, desta vez como agente da polícia judiciária militar e colocado no R.I. 21

Seguia a pista de um grupo de canibais em que se suspeitava do envolvimento de militares. Uma parte do trilho percorrido já identificado como proveniente do Bié, passando pelo Lépi, Longonjo, seguindo para oeste a um destino desconhecido.

No Lépi, onde foi enterrado meu irmão mais velho que não cheguei a conhecer, fui convidado para uma "rebita" numa das sanzalas locais, onde tinha amigos. A determinado momento, numa dança, uma preta com o filho no colo interrompeu a minha dança com a moleca e gritou bem alto: Toma que o filho é teu. Surpreso, olhei para ela, agitei as mãos e disse: Não senhor!

À memória veio-me a canção brasileira da firuca sobre a preta maluca ...

Logo as mulheres me cercaram gritando "pega o filho, malandro". Olhei para o horizonte e vi um grupo de homens, onde se encontrava o marido da preta, a rirem-se. Desviei-me da confusão e fui ter com eles com um sorriso.

Claro que tive de pagar uma rodada de bebidas, mas consegui arrastar o marido da preta para junto dela, beijei-a e ao filho. Dei-lhe um abraço e ouvi os aplausos de quem estava na rebita.

Vivendo e aprendendo ...

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