"Riu
nervosa.
- Não sei o
que me deu. Não te ofendas, mas às vezes uma pessoa sente-se mais à vontade
para falar com um estranho do que com as pessoas que conhece. Porque será?
Encolhi os
ombros.
-
Provavelmente porque um estranho nos vê como somos, e não como quer acreditar
que somos.
- Isso
também é do teu amigo Carax?
- Não, isto
acabo eu de inventar para te impressionar.
- E como me
vês tu a mim?
- Como um
mistério.
- Esse é o
elogio mais estranho que alguma vez me fizeram.
- Não é um
elogio. É uma ameaça.
- Porquê?
- Os
mistérios é preciso resolvê-los, averiguar o que escondem.
- Se calhar
decepcionas-te ao ver o que há lá dentro.
- Se calhar
surpreendo-me. E tu também.
- O Tomás
não me tinha dito que tivesses tanta lata.
- É que a
pouca que tenho a reservo toda para ti.
- Porquê?
Porque me
metes medo, pensei."
In A Sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón
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