Mar, metade
da minha alma é feita de maresia
Pois é pela
mesma inquietação e nostalgia,
Que há no
vasto clamor da maré cheia,
Que nunca
nenhum bem me satisfez.
E é porque
as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes
se levantam outra vez,
Que após
cada queda caminho para a vida,
Por uma nova
ilusão entontecida.
E se vou
dizendo aos astros o meu mal
É porque
também tu revoltado e teatral
Fazes soar a
tua dor pelas alturas.
E se antes
de tudo odeio e fujo
O que é
impuro, profano e sujo,
É só porque
as tuas ondas são puras.
Sofia de
Melo Breyner
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