"Há certas palavras, daquelas
palavras que em nós se fazem palavras-tabu, que têm pessoas para as escutar.
Refugiamo-nos na inércia do silêncio. Ou, talvez pior, só se destapa a coragem,
a falaciosa coragem, de as coreografar através da escrita. Somos prisioneiros
da palavra escrita e devedores da palavra dita. Neste dilema que sangra por
dentro, quem as devia escutar é credor da nossa indulgência e penhor da nossa
impostura. E não conta estarmos convencidos que há silêncios que entronizam a
cumplicidade, esses silêncios valendo mais do que um milhar de palavras,
simples ou arrevesadas, em pose poética ou em forma de prosa. Engolimos essas
palavras num silêncio que nos atira para o precipício da insensibilidade. E
não, não conta o fermento dessa sensibilidade levedado na poética que se
congemina.
As palavras que são tabu: deixam
de ser sentidas, ou deixa de fazer sentido desgastá-las de tanto as dizer?"
PVM em O felino
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