18/03/13

O precipício da insensibilidade


"Há certas palavras, daquelas palavras que em nós se fazem palavras-tabu, que têm pessoas para as escutar. Refugiamo-nos na inércia do silêncio. Ou, talvez pior, só se destapa a coragem, a falaciosa coragem, de as coreografar através da escrita. Somos prisioneiros da palavra escrita e devedores da palavra dita. Neste dilema que sangra por dentro, quem as devia escutar é credor da nossa indulgência e penhor da nossa impostura. E não conta estarmos convencidos que há silêncios que entronizam a cumplicidade, esses silêncios valendo mais do que um milhar de palavras, simples ou arrevesadas, em pose poética ou em forma de prosa. Engolimos essas palavras num silêncio que nos atira para o precipício da insensibilidade. E não, não conta o fermento dessa sensibilidade levedado na poética que se congemina.
As palavras que são tabu: deixam de ser sentidas, ou deixa de fazer sentido desgastá-las de tanto as dizer?"
PVM em O felino

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